sexta-feira, 24 de agosto de 2012


Uma Perspectiva Cristã Sobre a Homossexualidade

William Lane Craig
Neste artigo ele desenvolve uma perspectiva cristã sobre a delicada, e contemporânea, questão da homossexualidade. Originalmente publicado como: "A Christian Perspective on Homosexuality". Texto disponível na íntegra em: http://www.reasonablefaith.org/a-christian-perspective-on-homosexuality.
A tradução foi extraída da obra Apologética para questões difíceis da vida, publicada em 2010 por Edições Vida Nova, e utilizada com autorização.
Uma das questões mais difíceis e importantes que a igreja enfrenta hoje é a questão da homossexualidade como um estilo de vida alternativo. A igreja não pode se esquivar dessa questão. Eventos como o assassinato brutal de Matthew Shepherd, o estudante homossexual, no Wyoming, ou a recente torrente de escândalos envol­vendo sacerdotes pedófilos, que têm sacudido a Igreja Católica, são sufi­cientes para trazer essa questão para o centro dos debates atuais.
Os cristãos que rejeitam a legitimidade do estilo de vida homosse­xual são geralmente taxados de homofóbicos, intolerantes, e até mesmo de odiosos. Por causa disso, a questão do homossexualismo tem provocado uma grande intimidação, ao ponto de algumas igrejas terem aprovado o estilo de vida homossexual e até mesmo aceitado aqueles que o praticam para serem seus ministros.
Não pense que isso tem acontecido apenas em igrejas liberais. Uma organização homossexual, chamada Evangelicals Concerned [Evangélicos Preocupados], é formada por um grupo constituído de pessoas que, para todos os efeitos, são nascidas de novo, creem na Bíblia, mas que também são homossexuais praticantes. Eles alegam que a Bíblia não proíbe a prática homossexual ou que seus mandamentos não são válidos para hoje, uma vez que são apenas reflexo da cultura em que foram escritos. Essas pessoas, apesar de serem ortodoxas com relação a Jesus e a qualquer outra área de ensino, acreditam que é correto ser um homossexual praticante. Lembro-me de ouvir um erudito do Novo Testamento numa conferência profissional relatar a história de sua fala em um dos encontros da Evangelicals Concerned: “As pessoas estavam realmente preocupadas a respeito do que você ia falar”, disse o anfitrião após o encontro. “Por quê?” — ele perguntou surpreso — “Vocês sabem que não sou homofóbico!”. Mas o anfitrião lhe tranquilizou: “Imagina! As pessoas não estavam preocupadas com isso!”. E acrescentou: “Na verdade, elas estavam com medo de que você fosse defender o método histórico-crítico”.
Assim, quem somos nós para dizer que esses cristãos aparentemente sinceros estão errados?
Ora, essa é uma pergunta muito boa. Quem somos nós para dizer que eles estão errados? Tal questionamento suscita uma pergunta ainda mais profunda, que precisa ser respondida antes de tudo: o certo e o errado realmente existem? Antes que você possa determinar o que está certo e o que está errado, você tem de saber se o certo e o errado realmente existem.
Bem, qual é a base para dizer que o certo e o errado existem, e que há realmente uma diferença entre esses dois? Tradicionalmente, a resposta tem sido que a base dos valores morais está em Deus. Deus é, por natureza, perfeitamente santo e bom. Ele é justo, amoroso, pa­ciente, misericordioso, generoso — tudo que é bom vem dele e reflete seu caráter. Ora, a natureza perfeitamente boa de Deus chega até nós em seus mandamentos que se tornam nosso dever moral: por exemplo, “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, alma e força”, “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”, “Não matarás, não furtarás, não cometerás adultério”. Essas coisas são certas ou erradas com base nos mandamentos de Deus, e os mandamentos de Deus não são arbitrários, mas fluem necessariamente de sua perfeita natureza.
Esse é o entendimento cristão de certo e errado. Há realmente um criador, Deus, que fez o mundo e nos permitiu conhecê-lo. Ele realmente tem ordenado certas coisas. E, de fato, estamos moral­mente obrigados a fazer certas coisas (e não fazer outras). A moralidade não é apenas um produto de sua mente. Ela é real. Quando falhamos em guardar os mandamentos de Deus, realmente nos tornamos, do ponto de vista moral, culpados perante ele e carentes de seu perdão. A questão não está apenas no fato de nos sentirmos culpados; nós realmente somos culpados, a despeito de como nos sentimos. Se tenho uma consciência insensível, uma consciência entorpecida pelo pecado, posso não me sentir culpado; mas, se transgredi a lei de Deus, sou culpado, a despeito de como me sinto.
Assim, por exemplo, se os nazistas tivessem vencido a Segunda Guerra Mundial e tivessem tido sucesso em sua lavagem cerebral ou no extermínio de todos que discordassem deles, de forma que todo o mundo pensasse que o Holocausto tinha sido bom, tal atitude ainda assim teria sido errada, porque Deus diz que é errada, a despeito da opinião humana. A moralidade está baseada em Deus, e assim o certo e o errado têm existência real e não são afetados por opiniões humanas.
Tenho enfatizado esse ponto porque ele é muito estranho ao pensamento de uma boa parte das pessoas em nossa sociedade atual. Hoje muitas pessoas encaram o certo e o errado não como uma questão de fato, mas de gosto. Não há uma questão objetiva, por exemplo, em se achar que o brócolis é gostoso. Ele é gostoso para algumas pessoas, mas ruim para outras. Ele pode ser gostoso para você, mas não para mim! As pessoas pensam que o mesmo acontece com os valores morais. Alguma coisa pode ser errada para você, mas certa para mim. Não há nada objetivamente certo ou errado. É apenas uma questão de gosto.
Ora, se Deus não existir, então creio que essas pessoas estão absolu­tamente corretas. Na ausência de Deus, tudo se torna relativo. Assim, o certo e o errado se tornam valores relativos para diferentes culturas e sociedades. Sem Deus, quem pode dizer que os valores de uma cultura são melhores do que os da outra? Quem é que pode dizer quem está certo e quem está errado? De onde vêm o certo e o errado? Richard Taylor, renomado filósofo americano — que, a propósito, não é cristão —, defende esse argumento com veemência. Observe cuidadosamente o que ele diz:
A ideia de obrigação moral está clara o suficiente, desde que subenten­dida a referência a um legislador que esteja acima dos demais. Em outras palavras, nossas obrigações morais podem ser entendidas como obrigações impostas por Deus. Mas o que acontece se esse legislador que está acima dos seres humanos não for mais levado em conta? O conceito de uma obrigação moral ainda faz sentido? 1
Segundo Taylor, a resposta é não. Em suas palavras: “O conceito de obrigação moral é ininteligível quando dissociado da ideia de Deus. As palavras permanecem, mas o significado delas se perde.” 2 E continua dizendo:
Apesar de a era moderna repudiar em maior ou menor grau a ideia de um legislador divino, ela tem tentado manter as ideias do que é certo e errado moralmente, sem perceber que, ao colocar Deus de lado, ela também aboliu o caráter do que significa o certo e o errado. Assim, mesmo pessoas instruídas, algumas vezes, declaram que coisas como a guerra, o aborto ou a violação de certos direitos humanos são moralmente erradas, e imaginam ter dito algo de verdadeiro e significativo. Entretanto, não é preciso que se diga a pessoas instruídas que questões como essas nunca foram respondidas fora do campo da religião. 3
Você consegue compreender o que quer dizer até mesmo um filósofo não cristão como esse? Se não existir Deus, se não existir um legislador divino, então não existe lei moral. Se não existe lei moral, então o certo e o errado não têm existência real. O certo e o errado são apenas costumes e convenções humanos que variam de sociedade para sociedade. Ainda que todos esses costumes e convenções sejam os mesmos, continuam sendo apenas invenções humanas.
Assim, se Deus não existir, o certo e o errado também não existemVale qualquer coisa, inclusive a homossexualidade. Logo, um dos melhores modos de defender a legitimidade do estilo de vida homossexual é se tornar um ateu. Mas o problema é que muitos defen­sores da homossexualidade não querem se tornar ateus. Na verdade, querem afirmar que o certo e o errado existem. Assim, você os ouve fazendo julgamentos morais o tempo todo. Por exemplo: “É errado discriminar os homossexuais”. Esses julgamentos morais não pretendem ser justos em relação a uma dada cultura ou à sociedade. Eles condenariam uma sociedade como a sociedade nazista alemã que lançou homossexuais nos campos de concentração, com judeus e outros marginalizados. Quando o estado do Colorado aprovou uma emenda proibindo direitos especiais para homossexuais, Barbara Streisand promoveu um boicote ao estado, dizendo que o clima moral no estado tinha se tornado “inaceitável”.
No entanto, temos visto que esses juízos de valor não podem ser feitos de modo significativo, a menos que Deus exista. Se Deus não existe, vale qualquer coisa, incluindo a discriminação e a perseguição a homossexuais. Todavia, isso não para por aqui: assassinato, estupro, tortura, abuso infantil — nenhuma dessas coisas seria errada, porque, sem Deus, o certo e o errado não existem. Tudo é permitido.
Assim, se queremos ser capazes de fazer julgamentos morais a respeito do que é certo e do que é errado, temos de afirmar que Deus existe. Contudo, a mesma questão com que iniciamos — “Quem é você para dizer que a homossexualidade é errada?” — pode ser devolvida aos ativistas homossexuais: “Quem são vocês para dizer que a homossexualidade é certa?”. Se Deus existir, então não podemos ignorar o que ele tem a dizer a respeito do assunto. A resposta correta à pergunta “Quem é você para dizer...?” é replicar: “Eu? Não sou ninguém! É Deus quem determina o que é certo e o que é errado. Estou apenas interessado em aprender o que ele diz e obedecer-lhe”.
Deixe-me recapitular o que vimos até aqui. A questão da legitimidade do estilo de vida homossexual está em saber o que Deus tem a dizer a respeito dele. Ora, se não há Deus, então não há certo ou errado, e não faz qualquer diferença o estilo de vida que você escolhe. Por essa perspectiva, aquele que persegue os homossexuais teria a mesma razão daquele que defende a homossexualidade. Contudo, se Deus existir, não mais podemos viver com base em nossas próprias opiniões. Temos que descobrir o que ele pensa sobre a questão.
Assim, como você descobre o que Deus pensa? O cristão diz: olhando na Bíblia. E a Bíblia nos diz que Deus proíbe a prática homosse­xual. Portanto, os homossexuais estão errados.
O raciocínio é basicamente este:
(1) Temos obrigação de fazer a vontade de Deus.
(2) A vontade de Deus está expressa na Bíblia.
(3) A Bíblia condena a prática homossexual.
(4) Logo, a prática homossexual é contrária à vontade de Deus, ou seja, é errada.
Ora, se alguém rejeita esse raciocínio, então tem de negar que (2) a vontade de Deus está expressa na Bíblia ou, ainda, que (3) a Bíblia condena a prática homossexual.
Primeiro, olhemos para o ponto (3): A Bíblia, de fato, condena a prática homossexual? Agora observe como faço a pergunta. Não pergunto, “A Bíblia condena a tendência homossexual?”, mas sim “A Bíblia condena a prática homossexual?”. Essa é uma distinção impor­tante. A tendência homossexual é um estado ou uma orientação; uma pessoa que tem uma orientação homossexual pode jamais vir a expressá-la na prática. Em contrapartida, uma pessoa pode praticar atos homossexuais mesmo tendo uma orientação heterossexual. O que a Bíblia condena é a prática, e não a orientação homossexual em si. Essa ideia de alguém ser homossexual por orientação é característica da psicologia moderna e pode ter sido desconhecida das pessoas no mundo antigo. O que elas conheciam eram as práticas sexuais, e é isso o que a Bíblia condena.
Ora, isso tem inúmeras implicações. No final das contas, pouco importa o debate para saber se a tendência homossexual é algo com o qual o ser humano nasce ou é fruto do ambiente em que a pessoa foi criada. O mais importante não é saber como você adquiriu sua orientação sexual, mas o que você faz com ela. O que alguns defensores da homossexualidade mais querem provar é que seus genes, e não sua educação, determinam se você é homossexual — porque, assim, a prática homossexual seria vista como normal e correta. Entretanto, essa conclusão não procede. O simples fato de você ter uma predisposição genética para alguma prática não significa que tal prática seja moralmente correta. A título de exemplo, alguns pesquisadores suspeitam que pode haver um gene que predispõe algumas pessoas ao alcoo­lismo. Isso significa que é correto para alguém, com tal predisposição, sair e beber o quanto quiser e se tornar um alcoólatra? Obviamente não! Se há alguma coisa que podemos fazer é alertar essa pessoa a se abster do álcool para evitar que isso aconteça. Ora, a verdade nua e crua é que nós não entendemos plenamente os papéis da hereditariedade e do ambiente na constituição da homossexualidade. Mas isso realmente não importa. Ainda que a homossexualidade fosse de caráter completamente genético, esse fato isolado não a torna diferente em nada de um defeito de nascimento, como a fenda palatina ou a epilepsia. Ou seja, isso não significa que seja normal e que não devamos tentar corrigi-la.
De qualquer modo, tanto faz se a tendência homossexual resulta da genética ou da educação, o fato é que as pessoas geralmente não optam por ser homossexuais. Muitos homossexuais relatam o quanto é angustiante descobrir-se com esses desejos e como é difícil lutar contra eles. Eles certamente lhe diriam que nunca escolheriam ser homossexuais. Veja, a Bíblia não condena uma pessoa que tem essa tendência homossexual. O que ela condena é a prática homossexual. É plenamente possível alguém lutar contra sua tendência homossexual e ser um nascido de novo, um cristão cheio do Espírito.
Exatamente como um alcoólatra que, deixando de beber, chega a uma reunião dos Alcoólicos Anônimos e diz “Sou um alcoólatra”, alguém que possua uma tendência homossexual, e que não a tem colocado em prática, mantendo-se casto, deve ser capaz de dizer numa reunião de oração: “Sou alguém que luta contra a tendência homossexual, e que, pela graça de Deus e pelo poder do Espírito Santo, tem vivido castamente por Cristo”. Espero que tenhamos a coragem e o amor para dar boas-vindas a essa pessoa como um irmão ou uma irmã em Cristo.
Assim, uma vez mais, a questão é: a Bíblia condena a prática homossexual? Lógico, eu já disse que ela condena. A Bíblia é tão voltada para a realidade! Pode ser que você não esperasse que um assunto como a prática homossexual fosse tratado na Bíblia, mas, na verdade, há seis lugares na Bíblia — três no Antigo Testamento e três no Novo Testamento — em que essa questão é tratada — isso sem mencionar todas as passagens que tratam do casamento e da sexualidade e que têm implicações para essa questão. Em todas as seis passagens, as práticas homossexuais são inequivocamente condenadas.
Levítico 18.22 diz que é uma abominação para um homem deitar-se com outro homem como se fosse uma mulher. Em Levítico 20.13, a pena de morte é prescrita em Israel para tal ato, assim como nos casos de adultério, incesto e bestialidade. Ora, algumas vezes os defensores do homossexualismo equiparam essas proibições às proibições contra animais imundos, como os porcos, relatadas no Antigo Testamento. Como os cristãos de hoje não obedecem a todas as leis cerimoniais do Antigo Testamento, assim, dizem eles, não temos de obedecer às proibições referentes às práticas homossexuais. Mas o problema com esse argumento é que o Novo Testamento reafirma a validade das proibições do Antigo Testamento com respeito à prática homossexual, como veremos a seguir. Isso mostra que as proibições não eram apenas parte das leis cerimoniais do Antigo Testamento, as quais foram deixadas de lado, mas eram parte da lei moral perene de Deus. A prática homossexual é, aos olhos de Deus, um pecado sério. Outra passagem em que as práticas homossexuais são mencionadas no Antigo Testamento está em Gênesis 19, um terrível relato sobre a tentativa de estupro dos visitantes de Ló por parte dos homens de Sodoma, da qual a nossa palavra sodomia se deriva. Deus destruiu a cidade de Sodoma por causa da impiedade deles.
Como se isso não bastasse, o Novo Testamento também proíbe a prática homossexual. Em 1Coríntios 6.9-10, Paulo escreve: “Não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem os que se submetem a práticas homossexuais, nem os que as procuram, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem caluniadores, nem os que cometem fraudes herdarão o reino de Deus”. (Como eu disse, a Bíblia é muito voltada para a realidade!). A segunda vez em que a palavra “homossexuais” aparece listada é em 1Timóteo 1.10, junto a imorais, sequestradores, mentirosos, assassinos. Tais práticas são “contrárias” à sã doutrina do evangelho. O tratamento mais longo dispensado à prática homossexual aparece em Romanos 1.24-28. Ali Paulo fala a respeito de como as pessoas se afastaram do Deus Criador e começaram a adorar deuses falsos que eles próprios fabricaram. Paulo diz:
É por isso que Deus os entregou à impureza sexual, ao desejo ardente de seus corações, para desonrarem seus corpos entre si; pois substituíram a verdade de Deus pela mentira e adoraram e serviram à criatura em lugar do Criador, que é bendito eternamente. Amém. Por isso, Deus os entregou a paixões desonrosas. Porque até as suas mulheres substituíram as relações sexuais naturais pelo que é contrário à natureza. Os homens, da mesma maneira, abandonando as relações naturais com a mulher, arderam em desejo sensual uns pelos outros, homem com homem, cometendo indecência e recebendo em si mesmos a devida recompensa do seu erro.  Assim, por haver rejeitado o conhecimento de Deus, foram entregues pelo próprio Deus a uma mentalidade condenável para fazerem coisas que não convêm.
Os acadêmicos liberais têm feito acrobacias para tentar esquivar-se do sentido claro desses versículos. Alguns têm dito que Paulo está somente condenando a prática pagã de homens que exploram sexualmente garotos. Mas tal interpretação é obviamente errônea, visto que o que Paulo condena, nos versículos 24 e 27, são os atos homossexuais praticados por “homem com homem”. No verso 26, ele fala também de lesbianismo. Outros acadêmicos têm dito que Paulo está somente condenando heterossexuais que se envolvem em práticas homossexuais, mas não condenando os homossexuais que as praticam. Mas essa inter­pretação é fantasiosa e anacrônica. Já dissemos que foi somente nos tempos modernos que a ideia de orientação homossexual ou hete­rossexual se desenvolveu. O que Paulo está condenando são as práticas homossexuais, a despeito da orientação. Em função do pano de fundo do Antigo Testamento para essa passagem, assim como do que Paulo diz em 1Coríntios 6.9-10 e 1Timóteo 1.10, fica claro que Paulo está aqui proibindo todos esses atos. Ele vê essa prática como evidência de uma mente corrompida que se afastou de Deus e foi abandonada por ele à degeneração moral.
Assim, a Bíblia é direta e clara quando trata a respeito da prática homossexual. Esta é contrária ao desígnio de Deus e é pecado. Mesmo se não houvesse essas passagens explícitas tratando das práticas homosse­xuais, estas ainda seriam proibidas sob o mandamento “não adulterarás”. O plano de Deus para a atividade sexual humana restringe a prática ao casamento: qualquer atividade sexual fora da segurança do laço do casamento — seja pré-conjugal ou extraconjugal, seja heterossexual ou homossexual — é proibida. O sexo é designado por Deus para o casamento.
Alguém poderia dizer que, se Deus pretendesse que o sexo fosse exclusivo para o casamento, então era só deixar acontecer o casamento entre homossexuais e eles não estariam cometendo adultério! Mas essa sugestão entende de modo completamente errado a intenção de Deus para o casamento. A história da criação em Gênesis nos diz como Deus fez a mulher para ser uma companheira idônea para o homem, o seu perfeito complemento proporcionado por Deus. Então, o texto diz: “Portanto, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne” (Gn 2.24). Esse é o padrão de Deus para o casamento, e no Novo Testamento Paulo cita essa passagem, dizendo: “Esse mistério é grande, mas eu me refiro a Cristo e à igreja” (Ef 5.32). Paulo diz que a união entre o homem e sua esposa é um símbolo vivo da unidade de Cristo com seu povo, a igreja. Quando pensamos nisso, podemos ver que terrível sacrilégio e que zombaria do plano de Deus é a união homossexual. Esta é um ataque frontal à intenção de Deus para a humanidade desde o momento da criação.
O que foi dito, anteriormente, também mostra quão tolas são algumas ideias dos defensores do homossexualismo. Alguns deles dizem: “Jesus nunca condenou a prática homossexual, por que nós deveríamos condená-la?”. Jesus não mencionou especificamente muitas coisas que sabemos serem erradas, como a brutalidade e a tortura, mas isso não significa que ele as tenha aprovado. O que Jesus realmente faz é citar Gênesis para afirmar o padrão de Deus para o casamen­to, como a base de seu próprio ensino sobre o divórcio. Em Marcos 10.6-8, ele diz: “Mas desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher. Por isso o homem deixará seu pai e sua mãe [e se unirá à sua mulher]; e os dois serão uma só carne. Assim, já não são mais dois, porém uma só carne.” O fato de dois homens se tornarem uma só carne numa relação homossexual seria uma violação da ordem criada e do plano de Deus. Ele criou homem e mulher, não dois homens ou duas mulheres, para serem indissoluvelmente unidos em casamento.
Recapitulando: a Bíblia, de forma clara e consistente, proíbe a prática homossexual. Assim, se a vontade de Deus está expressa na Bíblia, conclui-se que a prática homossexual é contrária à vontade de Deus.
Mas suponha que alguém negue o ponto (2) — que a vontade de Deus está expressa na Bíblia. E suponha que essa pessoa diga que as proibições contra a prática homossexual eram válidas para aquele tempo e para aquela cultura, mas não são mais válidas hoje. Afinal de contas, a maioria de nós provavelmente concordaria que certos mandamentos na Bíblia são relativos à cultura. Por exemplo, a Bíblia diz que as mulheres cristãs não deveriam usar joias, e os homens não deveriam usar cabelos longos. Porém, ainda que esses mandamentos tenham um núcleo válido que independe de conotação temporal — como, por exemplo, a ordem de vestir-se modestamente —, a maioria de nós diria que esse núcleo essencial pode ser expresso de diferentes formas em diferentes culturas. Do mesmo modo, algumas pessoas dizem que as proibições da Bíblia contra a prática homossexual não são mais válidas para o nosso tempo.
Contudo, creio que essa objeção apresenta um equívoco muito sério. Não há evidência de que os mandamentos de Paulo a respeito das práticas homossexuais sejam culturalmente relativos. Longe de ser um reflexo da cultura em que ele escreveu, os mandamentos de Paulo são completamente contraculturais! A prática homossexual era tão difundida nas antigas sociedades grega e romana como é hoje nos Estados Unidos, e, todavia, Paulo se posicionou contra a cultura e se opôs a ela. Mais importante ainda, temos visto que as proibições da Bíblia contra a prática homossexual não estão enraizadas na cultura, mas no padrão dado por Deus para o casamento estabelecido na criação. Não se pode negar que a proibição bíblica das relações homossexuais expressa a vontade de Deus, a menos que também se negue que o casamento, tal como é concebido pela Bíblia, expressa a vontade de Deus.
Bem, vamos supor que alguém diga: “Creio em Deus, mas não no Deus da Bíblia. Assim, não creio que a Bíblia expresse a vontade de Deus”. O que dizer a tal pessoa?
Parece-me que há dois modos de responder a essa questão. Em primeiro lugar, você poderia tentar mostrar que Deus se revelou na Bíblia. Essa é a tarefa da apologética cristã. Você poderia falar a respeito da evidência da ressurreição de Jesus ou das profecias cumpri­das. A Escritura realmente nos ordena, como cristãos, a ter tal defesa pronta a fim de que sejamos capazes de compartilhar o porquê de crermos do jeito que cremos com qualquer pessoa que nos pergunte (1Pe 3.15).


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quarta-feira, 22 de agosto de 2012



As últimas brasas da fogueira já estavam quase apagadas. As etiquetas nas garrafas estavam danificadas, depois de dias expostas ao sol. Os que haviam acampado perto de minha barraca já estavam longe há algum tempo. Meu amigo e eu pegamos as coisas que estavam para trás. Ficou apenas um CD de hip-hop. Tínhamos algumas malas e garrafas vazias. Além de uma revista.
Sua capa estava molhada e irreconhecível. Eu a abri com um pedaço de galho que encontrei no chão. Havia orvalho naquele dia e as páginas da revista também estavam molhadas. Naquele momento eu vi uma mulher. Ela estava com seus seios descobertos.
Desde meus sete anos tenho fugido. Quero dizer, meninas eram “problemáticas”. Elas eram indesejáveis. Elas tinham alguma coisa que desejávamos, mas não sabíamos dizer o que, já que nunca as alcançávamos. Eu ainda me lembro daquela cena. Eu estava ao mesmo tempo empolgado e receoso. Eu não conseguia entender a razão, mas sabia que ninguém deveria flagrar-me olhando aquela revista.
De uma coisa eu sabia: eu queria mais.
Alguns anos depois eu tive minha chance. Dessa vez eu não fugi. Eu tinha treze anos e estava na casa do meu amigo Tyler (nome fictício). Ele era meu único amigo com acesso à internet. Quase todos os dias nós jogávamos no computador por horas.
Certo dia, eu cliquei em um ícone que pensei ser um jogo; tudo mudou em nossa vida. Não era um jogo, mas um vídeo. Nossa primeira reação foi cair na gargalhada com as lentas imagens daquelas mulheres. Era uma gargalhada do tipo “desligue isso; é tão ridículo”. Contudo, nós não desligamos. Assistimos ao vídeo e, então, eu fui para casa.
Tyler continuou procurando por vídeos daquela natureza e me mostrou o que havia encontrado. Dessa vez, eu não fugi. Eu não queria continuar olhando, mas eu continuei. Eu estava hipnotizado.
Com o tempo, ficar olhando, juntos, aquela nudez na internet causava em nós estranheza e desconforto. Por isso, Tyler e eu preferimos nos dedicar ao pornô solo. Tyler continuou a fazer download de tudo o que podia. Dos vídeos mais leves aos mais pesados. Eu, àquela altura, estava dividido entre o prazer de ver aquelas cenas e a culpa que carregava dentro de mim pelo que estava a fazer. Em alguns dias eu estava forte, e resistia. Em outros, eu parecia um viciado em pornografia, desesperado para achar uma imagem. Apesar disso, eu nunca comprei ou fiz download de um filme pornô. Era um garoto nascido na igreja, em uma cidade pequena. Todos me reconheceriam se fosse possível descobrir quem estava comprando aqueles vídeos. Além disso, eu não tinha computador em casa. Ao invés de comprar pornô, eu comecei a roubá-los.
Eu vasculhava as casas de meus amigos para ver se os pais deles tinham alguma revista Playboy. Quando não achava, eu as roubava de lojas de conveniência. Não muitas; apenas três ou quatro em alguns anos. De qualquer jeito, eu fiz.
Página por página eu ficava imaginando se aquilo poderia ser real para mim. Sei que é constrangedor dizer isso, mas aquelas mulheres pareciam me fazer sentir amado. Meus olhos desejavam aqueles corpos e faziam sentir-me um homem. Por um momento, eu me senti desejado.
Eu me sentia perto de alguém, e não me incomodava o fato de aquele alguém não ser real. Para mim era muito real.
Entretanto, aqueles momentos de plenitude passavam. Sempre. O prazer fracassava. Em pouco tempo eu era tomado por um sentimento de remorso e culpa. Sentia-me a milhões de quilômetros da bondade e a bilhões de anos luz de Deus. Eu sempre pensava naquela primeira foto de mulher pelada que eu vi, na minha infância. Achava que Deus estava com um bastão em sua mão, me punindo à distância e me mostrando que não tínhamos nada em comum.
Sabia que aquilo não era verdade. Eu era um cristão. Sabia que Deus me via perfeito e amável, assim como via seu próprio Filho. Conhecia todas aquelas coisas. Amor. Graça. Perdão.
Contudo, eu não experimentava tais coisas em minha vida. Pior! Eu crescia cada vez mais frustrado comigo mesmo. Eu havia prometido para mim mesmo que eu não me incomodaria mais com aquilo, só para repetir meus erros.
Tyler não estava nada melhor. Ele começou a achar impossível crer em um Deus que o impediria de assistir seus vídeos pornôs. Sem Deus em sua mente, ele se convenceu de que pornografia era apenas diversão. De que forma uma diversão pode machucar alguém? Tendo decidido que não era ruim, ele resolveu que aquilo seria algo útil para sua vida. Ele fez uma assinatura da revista Playboy e começou a comprar todos os seus vídeos.
Perceber o que estava acontecendo com o Tyler foi uma forma de me despertar. Eu sabia que estava fadado ao mesmo destino. Por isso, pedi ajuda. Certo dia, estava conversando com um amigo que é um bom cristão. Sem vergonha, disse tudo o que estava acontecendo a ele. Disse que se pudesse assistir a um filme pornô de graça, sem ser acusado por minha consciência, eu o faria. Pedi ajuda a ele e nós oramos juntos.
Para minha surpresa, meu amigo me disse que tinha o mesmo problema. Na verdade, a maioria dos meus amigos tinha. Pedimos a uma pessoa mais velha de nossa igreja para se encontrar conosco uma vez por semana e nos ajudar. Aquele homem não tinha nenhuma sabedoria mágica ou força sobrenatural para nos ajudar contra a pornografia. Contudo, ele nos ouviu, aconselhou e orou conosco. Ele se tornou um cuidadoso mentor para todos nós. A primeira coisa que ele nos mostrou foi que não estávamos sozinhos naquilo, não éramos os únicos a enfrentar aquele problema e tampouco éramos loucos.
Quando me encontrei com meu grupo, vi que minha vida precisava mudar. Muitas daquelas mudanças ainda se aplicam em minha realidade hoje. Primeira lição: Corra! “Voe”, dizia nosso mentor. “Alcoólatras devem atravessar a rua para fugir de uma garrafa de bebida”. Em meu caso, isso significa que não posso entrar sozinho em uma banca de jornal, ou usar sozinho um computador sem filtros de internet.
Preciso limitar as oportunidades que dou para a tentação. Tenho que criar um espaço que me distancie da pornografia. Não posso me dar o direito de assistir TV sozinho. Mesmo com filtros na internet, não uso o computador se não tiver outra pessoa em casa. Essas restrições me aborrecem algumas vezes. Todavia, elas me ajudam demais.
A segunda coisa que aprendi foi a perguntar: Como posso aprofundar meu desejo por Deus e esquecer-me dessas coisas que me fazem pecar? Alguém me disse, certa vez, que há dois cachorros no quintal do meu coração. Um cachorro cava egoísmo, pecado e prazer. O outro cachorro cava justiça, misericórdia, paz e obediência a Deus. Quando acordo todas as manhãs, escolho qual cachorro pretendo alimentar. O que eu alimento cresce até o outro não poder mais ser visto.
Preciso alimentar o cachorro correto. Faço isso quando cultivo relacionamentos honestos com cristãos. Tenho um amigo com quem converso de forma particular diariamente. Falamos abertamente sobre sexo, pecado e tudo o que nos leva a pecar. Juntos, nós buscamos formas de evitar o pecado. Nós oramos, choramos, nos ensinamos, nos deixamos aprender.
Eu também alimento o cachorro correto ao estudar a Bíblia em grupo. Eu não apenas a leio. Escrevo o que aprendi e o que desejo fazer com aquilo. Passo um tempo em silêncio, esperando para ver o que Deus falará comigo. Eu oro, adoro, sirvo outras pessoas.
Na maior parte das vezes, o cachorro bom prevalece. Aquele terrível monstro está tão sufocado agora que nem o vejo com tanta frequência. Contudo, de vez em quando ele aparece. Começa a latir e logo me vejo na direção errada. Ele late muito alto, quando não tomo cuidado em resistir às tentações. Então eu fujo. O deixo esquecido, ignorado.
Além disso, eu oro: “Deus, me ajude a fazer hoje o que é certo. Ajude o Tyler também. Livra-nos da pornografia e leve-nos próximos da perfeição. Faça-nos amar mais ao Senhor do que a nós mesmos e nos cerque com pessoas que nos façam lembrar que tu nos amas mesmo quando erramos. Cerque-nos com amigos que sejam conosco uma igreja que promove a vida em santidade. Mate esse cão mau e alimente o bom, dentro de mim. Amém!”

Fonte: Blog Genizah
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